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Por isso não provoque

A presença feminina na música brasileira contemporânea alinhada com a contribuição das mulheres na música ao longo dos anos 

As vozes que fazem a música

“Ó abre alas que eu quero passar”, Chiquinha Gonzaga pediu em 1899, abrindo alas para passar as mulheres, compositoras, artistas e carnavalescas de todo o Brasil. Nascida em 1847, no Rio de Janeiro, Francisca Gonzaga é a primeira compositora mulher que se tem registro na história da música brasileira e pavimentou o caminho para a música do jeito que conhecemos hoje no país.

Ela estudava piano desde criança e apresentou sua primeira composição ainda aos 11 anos de idade. Mulher à frente de seu tempo, Chiquinha casou-se duas vezes e teve quatro filhos com dois maridos diferentes. A sua natureza irreverente e trajetória extremamente inusitada para a época fez ela entender, aos 29 anos, que teria que trabalhar para sobreviver, e foi então que decidiu fazer da música o seu ganha-pão. Assumindo o papel de professora, compositora e pianista, a artista abriu portas e mudou o cenário da música popular brasileira com sua mentalidade e talento que ultrapassavam os limites de seu tempo. 

 

CHIQUINHA GONZAGA  DONA IVONE LARA  MAYSA  MARINA LIMA  MARIA BETHÂNIA  BETH CARVALHO  GAL COSTA  ALCIONE  RITA LEE  FAFÁ DE BELÉM ELBA RAMALHO  SANDRA SÁ  CÁSSIA ELLER  MART'NÁLIA  NEGRA LI  NOSSA SENHORA APARECIDA  ELZA SOARES  DERCY GONÇALVES  CLARICE LISPECTOR  CARMEM MIRANDA   MARÍLIA GABRIELA  HEBE CAMARGO   REGINA CASÉ  ELIS REGINA  LILIAN WITTE FIBE  NORMA BENGELL  BIBI FERREIRA  MARIA BONITA  MAGDALENA TAGLIA FERRO  DANUZA LEÃO  NARA LEÃO  FERNANDA MONTENEGRO  WANDERLÉA  SONIA BRAGA  LUIZA ERUNDINA  DONA CANÔ  PRINCESA ISABEL  JOYCE PASCOWITCH  LONITA RENAUX  VIRGINIA LANE  VIRGINIA LEE  MARY LEE  LIÈGE MONTEIRO  LUCINHA ARAÚJO  BALÚ  CARU  PAGU  MATILDA KOVAK  ZÉLIA GATTAI  ANGELA DINIZ  DANIELA PEREZ  CLÁUDIA LESSIN  AIDA CURI  ELVIRA PAGÃ  LUZ DEL FUEGO  BRUNA LOMBARDI   HORTÊNCIA  CLAUDETE  IONE  SILVIA POPPOVIC  VANIA TOLEDO  LAURA ZEN  MINHA MÃE  ROBERTA CLOSE  MÔNICA FIGUEIREDO RUTH ESCOBAR  DOLORES DURAN  DORA BRIA  TIZUKA YAMASAKI  TOMIE OHTAKE  RITA CAMATA  RITA CADILLAC  LÚCIA TURNBUL  PAULA LIMA  SANDY  PITTY  MARISA MONTE  ADRIANA CALCANHOTO  IVETE SANGALO  LINN DA QUEBRADA  LUEDJI LUNA  MARINA SENA  LUDMILLLA  MARÍLIA MENDONÇA  ANITTA  DUDA BEAT  LINIKER  PITTY  MANU GAVASSI  IZA  LUÍSA SONZA  CÉU  MAHMUNDI  LARISSA LUZ  

O som está por todas as partes

Bater um objeto no outro, ouvir os sons da natureza e perceber as sonoridades que nascem de diferentes formas são só alguns dos fatores que contribuíram para a construção da música no formato que hoje faz sucesso nas mais diferentes plataformas.

 

Em rádios, streamings de música, lineups de festivais, créditos de composição, clipes, produção e tantas outras posições possíveis na música, existem pessoas que fazem acontecer e, nesse cenário, as mulheres mostram cada vez mais a sua força. O caminho existente adiante ainda se estende, mas um longo percurso também já foi percorrido por tantas que vieram antes e pavimentaram a estrada. 

 

Tendo toda pessoa a trilha sonora da própria vida, a música pode representar os mais variados sentimentos, contar histórias, representar movimentos políticos, servir de base para coreografias, peças teatrais e tantas outras motivações. Para Chiquinha Gonzaga, a música foi uma forma de encontrar sua própria liberdade enquanto ainda estava inserida em uma realidade na qual as mulheres não podiam exercer a liberdade de pensamento e opinião. 

 

Talentos fora da curva como o de Francisca Gonzaga abriram espaço para gerações de artistas brasileiros na música, principalmente para mulheres que usam suas vozes e composições para se expressar de suas próprias maneiras. Nara Leão protagonizou movimentos como a Tropicália e esteve presente no nascimento da Bossa Nova, tornando-se musa do ritmo. Elis Regina emprestou sua voz para eternizar grandes hits brasileiros, além de promover o trabalho de artistas como Milton Nascimento e João Bosco. Alcione vendeu mais de 8 milhões de cópias de discos ao redor do globo e segue levando o samba em sua voz há 50 anos pelo Brasil e pelo mundo. Gal Costa influenciou gerações com sua versatilidade e timbre poderoso, assim como Maria Bethânia encanta com suas interpretações e já deixou sua marca com uma discografia extensa e repleta de sucessos. Rita Lee mudou paradigmas e consagrou-se merecidamente a rainha do rock brasileiro, que inspirou e continua inspirando gerações de artistas brasileiras. 

Coexistentes com talentos longínquos que seguem ativamente fazendo história na música, uma nova geração ganha força e apresenta novos nomes cada dia mais promissores para o presente e futuro da música brasileira. O debate do frescor na Música Popular Brasileira tem se destacado nos últimos dez anos com o surgimento e ascensão meteóricas de artistas como Anavitória, Liniker, Duda Beat, Marina Sena, Manu Gavassi, IZA, Luedji Luna, Mahmundi, Carol Biazin e tantas outras que carregam referências diversas das artistas que vieram primeiro, mas conquistam seus próprios espaços e identidade dentro da nova fase dessa arte.

“A música vai se modificando com o tempo. Eu penso que a gente não deve colocar a música dentro de uma caixa”
- Ingrid Alves Feitosa de Arruda

Ingrid é cantora, backing vocal e professora de canto. Nascida no interior de São Paulo, Ina, como é chamada de forma artística, cresceu em um lar musical. Seu pai era guitarrista e desde pequena ela se envolvia nos grupos de canto da igreja – um começo típico para muitos jovens talentos que sonham em viver da música. “Viver de música hoje no Brasil é difícil para qualquer músico de qualquer gênero, mas acho que pra mulher é mais. Eu trabalhava na semana em um escritório e de final de semana tinha casamento e outros eventos pra fazer”, conta Ingrid, que hoje vive apenas do seu trabalho como artista. 

Foto: Arquivo Pessoal

Esse era um sonho que parecia distante para a jovem nascida em Carapicuíba, mas Ina conta que nunca poupou esforços para estudar, se especializar e colocar toda sua dedicação nesse desejo. “Eu entrei em um curso para desenvolver a parte didática de canto e comecei a dar aula. A parte de ensino foi o que por muito tempo pagou minhas contas”, comenta. “É um trabalho que demora um tempo. Pode acontecer de em uma semana você ser chamado pra fazer um show no Rock in Rio e na outra semana não ter nada”, complementa evidenciando a instabilidade da profissão em um país em que os músicos ainda enfrentam desvalorização constante no trabalho. 

 

Dados divulgados em 2022 pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) apontaram uma discrepância preocupante no número de mulheres e homens arrecadadores de direitos autorais no Brasil. Enquanto os homens representam 85% do total, as mulheres são apenas 7% na estatística – sem contabilizar aqueles que não especificaram o gênero no momento do cadastro. Dentro desse cenário de evidente disparidade, as preocupações são ainda mais profundas quando analisados os perfis das mulheres que compõem a cena musical feminina brasileira hoje. O levantamento do Data SIM (Semana Internacional de Música de São Paulo), de 2019, estima que nesse cenário, 70,3% das mulheres são brancas, 11% são pretas, 15% pardas, 2,% amarelas e apenas 1% indígenas. 

 

Ainda assim, o esforço é conjunto para que essa realidade continue se transformando para o melhor, abraçando todos os talentos em suas mais variadas formas. “Hoje eu sou cantora. Trabalho como cantora, backing vocal e também sou professora de canto, desde criança estudando. Além de compositora e tantas outras coisas que dá pra fazer na música, né?”, Ina pontua. 
 

Quando decidiu que viveria da música e se preparou financeiramente para dar continuidade ao plano, a jovem decidiu deixar sua cidade natal para trás e tentar a vida no centro da capital paulista, onde tudo acontece para artistas e sonhadores como ela. Com uma carreira em que a exposição e networking são a chave para o sucesso, Ingrid não hesitou em se inserir nos meios que a aproximariam de seus objetivos. Carregada de talento, técnica e conhecimento teórico, ela não demorou a chamar atenção de grandes nomes do mercado, que logo abriram portas, janelas e microfones para ela. 

 

“Eu trabalho como backing vocal para duas artistas mulheres! A Marina Sena e a Luísa Sonza. Também gravei com a Negra Li esses dias, maravilhosa”, comenta a artista. “Eu adoro falar de como as coisas acontecem na música, e trabalhando com a Luísa e com a Marina eu tive a oportunidade de fazer muitos contatos”, completa. Ainda com os sonhos de menina no coração, Ina logo se viu no palco de um dos maiores festivais de música do mundo, o Rock in Rio, cantando como backing vocal para uma das artistas mais promissoras da nova geração no pop brasileiro: Luísa Sonza. 

 

 

 

 

 

“No mesmo palco que Gilberto Gil cantaria depois, que Emicida cantaria depois. 80 mil pessoas… só isso! É uma pressão muito grande”, diz aliviada sabendo que, apesar dos desafios, os anos de dedicação e compromisso com a música a levaram até esse momento, relembrado com saudosismo e orgulho. 

 

Foi da parceria com Luísa Sonza que, como em uma rede de contatos e apoio, Ina chamou atenção de Iuri Rio Branco, produtor de Marina Sena, com quem viria a trabalhar também como backing vocal pouco depois. “A Marina é muito autêntica. Ela é muito ela, ela faz arte por ela, da história dela. Ela tem muita história pra contar. Ela é uma das pessoas que eu olho e vejo como um potencial para marcar a história da música brasileira deste tempo”, garante a cantora. 

"A Marina é muito autêntica. [...] Ela é uma das pessoas que eu olho e vejo como um potencial para marcar a história da música brasileira deste tempo"
- Ingrid Alves Feitosa de Arruda

Foto: Mariana Alves

O contato de Marina Sena com o mundo artístico vem desde a infância. Nascida em Taiobeiras, pequena cidade do norte de Minas Gerais, Marina gostava de cantar desde criança, mas sua voz anasalada e aguda causava estranhamento para algumas pessoas que não estavam acostumadas com timbres diferentes. A cantora sempre se movimentou na música, criando sua primeira banda em 2015, a A Outra Banda da Lua, projeto que perdurou por cerca de cinco anos antes da criação da Rosa Neon, banda responsável por aumentar sua visibilidade no meio artístico, com hits como “Ombrim”

 

Mesmo com uma história já extensa na música, a carreira solo de Marina é recente, lançada em 2021 junto com o álbum “De Primeira” e um hit viral no TikTok: a música “Por Supuesto”. Já no disco de estreia, a cantora foi indicada ao Grammy Latino nas categorias Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro e Melhor Canção Brasileira. Repleto de brasilidades e mostrando a autenticidade de Marina, o “De Primeira” ajudou a consolidá-la na música brasileira como um dos nomes mais promissores para a música no país, com a benção até mesmo de Gal Costa, sua grande musa inspiradora, a quem homenageou com um show de tributo no The Town em setembro de 2023.

 

“Não tem nenhuma outra pessoa que me atravessou do jeito que ela me atravessou. E eu acho que muito disso é porque na minha vida eu precisava de um som que me arrancasse de onde eu estava e me levasse para o universo. Eu sentia uma vontade de viver, um fogo, e era ela quem saciava isso pra mim, era a voz dela que me levava”, contou Marina pouco depois de descer do palco do The Town, quando conversamos em entrevista para o portal Tracklist. 

"Nenhuma outra pessoa me atravessou assim"

Marina Sena em entrevista para Mariana Alves pelo portal Tracklist.

No ritmo de Minas Gerais

Hoje, com seu segundo disco lançado e uma carreira em crescente, Marina Sena já é inspiração para muitas artistas que se identificam com sua história e sentem admiração por sua arte, como é o caso de Augusta Barna

Também mineira e com traços artísticos desde muito nova, Augusta é hoje uma das grandes promessas da cena e traz uma bagagem de inspirações e referências da música mundial e brasileira para seu trabalho. Envolvida desde sempre nas matérias de redação na escola, a jovem sabia cedo em sua trajetória que desenvolveria uma carreira que permitisse a criatividade e curiosidade como aliadas do crescimento. 

 

“Eu era muito contemplativa, sempre gostei de parar e observar as coisas, ouvir música e entender. Eu gostava de cinema, de teatro, era muito curiosa. Acho que para fundamentar um artista, a curiosidade é essencial, e eu sempre fui muito curiosa”, explica Augusta. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Durante o processo, a cantora entendeu que encontrar sua essência artística pode ser doloroso, à medida que viu sua sensibilidade e expressão artística se aflorar frente ao luto da perda de seu irmão mais novo devido a um câncer, ao mesmo tempo que seus pais enfrentavam um divórcio. “Eu sempre gostei de transformar as coisas. No meu período de luto e mudança de vida, eu comecei a entender que a minha relação com a criação é porque eu sou artista e tenho coisas para mostrar para o mundo”, compartilha. 

 

Foi então que Augusta decidiu se aventurar no teatro, arte que veio a se tornar uma porta de entrada para o meio artístico, onde ela pode explorar suas capacidades criativas e construir credibilidade para o seu trabalho, além de ampliar suas referências e acessos culturais com as oportunidades oferecidas pelo curso. “Quando eu fui aprovada em uma escola de teatro muito renomada, foi aí que minha família me enxergou como artista pela primeira vez e entenderam que muito do meu jeito de ser tinha a ver com o fato de eu ser artista”. 

 

O teatro não somente a amparou no processo de entendimento de sua identidade artística, como também a muniu com os elementos necessários para sentir-se confiante em cima dos palcos para levar sua arte a diante. Muito disso também vem de uma de suas maiores inspirações na música brasileira: Elis Regina

Foto: Domínio Público

Para muitas das cantoras da nova geração, pensar em música brasileira é pensar em Elis Regina. Artista desde a adolescência, a cantora e compositora gravou seu primeiro LP ainda aos 16 anos de idade. “Viva a Brotolândia” é uma mistura eclética das referências de Elis, explorando ritmos como samba, bolero e rock, além de incorporar às músicas alguns elementos de canções norte-americanas. Mesmo com a colaboração de grandes nomes nesse trabalho, como o produtor artístico Carlos Imperial, o disco de estreia é pouco lembrado quando se trata da carreira da artista. Sua notoriedade entrou em crescente quando, em 1965, Elis Regina ganhou o público e o júri no I Festival de Música Popular Brasileira realizado pela TV Excelsior, onde apresentou uma interpretação própria da canção “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes. 

 

Com a voz potente e a relevância que passou a conquistar na música brasileira, sua breve passagem pelo plano terreno faz parecer uma eternidade por sua contribuição no cenário para artistas de todas as esferas musicais existentes no Brasil. “Com 12 anos de idade eu descobri a Elis Regina e ela foi uma das artistas que mudou completamente a minha visão sobre existir na terra”, Augusta compartilha. “Eu fiquei encantada. Eu era uma pré adolescente recém saída de um luto cabuloso, e eu tava conhecendo ali um fenômeno que também foi uma referência muito grande para mim”. 

 

Augusta traz hoje em seus trabalhos muitos aspectos musicais de brasilidades, mas prefere não limitar seu som a uma única definição. “Eu sempre entendi que sou uma artista de música popular, mas não necessariamente MPB, porque se for definir o meu trabalho como MPB, não é a MPB clássica, como um João Bosco. Cai mais em uma lugar como os Gilsons e a galera da Nova MPB, porque não é uma coisa tão robusta e opulenta como se fazia nos anos 70”, explica. Ela traz em sua bagagem referências não somente de mulheres de longa estrada de caminhada, como Elis e Alcione, mas também busca consumir os trabalhos de artistas da nova geração e de diferentes vertentes musicais, como Luedji Luna, FBC e Zé Ibarra, da banda Bala Desejo

Imagens: Mariana Alves

Criada em meio a pandemia, no ano de 2021, a banda Bala Desejo já nasceu amada entre a nova geração da música brasileira e não demorou a tomar conta de lineups de grandes festivais do país, como o Rock in Rio. Composta por Dora Morelenbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra, a banda recebeu em 2022 o Grammy Latino por por Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro, pelo único disco lançado até hoje pelo quarteto: "SIM SIM SIM". Bala Desejo incorpora em seus trabalhos os mais variados aspectos da brasilidade e abre espaço para que os integrantes explorem também as suas carreiras de solistas, como é o caso de Julia Mestre, que lançou seu segundo álbum, “Arrepiada”, em abril deste ano. Com referências pautadas em nomes que vão de Esperanza Spalding a Cássia Eller e Rita Lee, Julia preza por usar sua voz e composições para transparecer seus sentimentos e, como ela mesmo diz, mudar o mundo. 

“Eu sei que eu vou mudar o mundo. Eu sei que eu vou mudar o mundo. Com a minha voz, eu tenho fé, com a minha mãe. Cansada de esperar para ver a mudança acontecer, tô aqui pra ver”
- Julia Mestre, "Mudar o Mundo"

Julia canta e profetiza na canção “Mudar o Mundo”, presente em seu álbum “GEMINIS”, lançado em 2019. Desde a infância, a artista se dedicava a escrever poemas e destacava-se por eles em concursos na escola, que a fizeram entender seu poder com as palavras e, mais tarde, com as melodias. Munida de referências mil da música brasileira e internacional, ela já trabalhou em composições com artistas como os Gilsons, trio composto pelo filho e netos de Gilberto Gil, além de trabalhar também com o duo Anavitória, formado por Ana Clara Caetano e Vitória Falcão. 

 

"Eu olho muito para a minha geração, essas mulheres que estão movimentando a cena de agora. Porque eu acho que é sobre o presente e o que pode acontecer no futuro. Se a gente fizer essa gira de movimento, escutar Larissa Luz, escutar Luedji Luna, a gente tá fazendo essa roda girar e criando história agora, porque a história não para de acontecer", Julia Mestre pontua sobre referências e inspirações. 

 

O mais recente álbum da cantora, compositora e multi-instrumentista, entitulado "Arrepiada", revela diversas particularidades de Julia tanto nas melodias, como também na temática das canções, que falam sobre medos, angústias, relacionamentos e afetos. “Eu acho que é muito importante a gente ter compreensão desses sentimentos… De como é estar no mundo, sempre se colocando à prova e principalmente, tentar criar uma barreira de força”. Para ela, olhar para as mulheres que abriram o caminho e usar dessa força para fortalecer a nova geração é essencial para que o trabalho das mulheres na música continue a crescer. 

 

“Muitas vezes a gente olha certas carreiras, certas trajetórias, e não consegue enxergar tantas referências quanto a gente gostaria de ter, ou como teríamos se estivéssemos no universo masculino. Acho que está aí a grande vitória. Quando a gente vê mulheres que tiveram muitas conquistas, então a gente olha elas e pensa: ‘Sim, é possível chegar nesse lugar’".

Elas que fazem a música: de quem são as vozes contemporâneas?

A identidade delas

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